É necessário ir além das boas intenções, diz o padre Peter Stilwell.
O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) está disponível para estender aos países lusófonos os mecanismos de cooperação que já mantém com a Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, que incluem, entre outros aspectos, o financiamento conjunto de projectos de investigação e a co-organização de seminários de natureza académica.
A garantia foi dada no passado fim-de-semana por Paulo Cheang Kun Wai, membro do Conselho de Administração do FDCT, durante a 1a edição do Fórum dos Reitores das Instituições do Ensino Superior da China e dos Países da Língua Portuguesa, revelou a’O CLARIM o reitor da Universidade de São José (USJ), padre Peter Stillwell.
Promovido pelo Gabinete de Apoio aos Ensino Superior (GAES), pela Universidade de Macau e pela USJ, o certame reuniu no território ao longo de dois dias mais de sete dezenas de entidades ligadas ao Ensino Superior dos países de expressão lusófona e da República Popular da China. A iniciativa culminou, no sábado, com a assinatura de uma declaração conjunta em que os organismos signatários se comprometem a promover a cooperação na mobilidade, na inovação e nas indústrias criativas.
O documento, defende o padre Peter Stilwell, é pouco mais do que uma declaração de intenções, mas pode dar azo a uma plataforma tangível de partilha de competências e de saber, caso sejam criadas condições financeiras que tornem viáveis os desígnios discutidos no final da semana passada: «Tenho esperança que o Fórum possa ter continuidade e que as metas gizadas se possam concretizar, mas para que tal aconteça são necessárias linhas de financiamento que tornem, por exemplo, viáveis mecanismos de intercâmbio de professores e alunos, ou a criação de redes de investigação em matérias de interesse comum», explicou o reitor da Universidade de São José a’O CLARIM. «O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia esteve presente com ideias mais claras e disponibilizou-se para alargar os mecanismos de financiamento já acordados com Portugal aos restantes países lusófonos», referiu o sacerdote.
O memorando de entendimento assinado entre o FDCT e a Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal prevê a promoção da cooperação e do intercâmbio em ciência, tecnologia e inovação entre universidades, instituições de Ensino Superior e investigadores de Macau e de Portugal.
Na próxima semana, a Universidade de São José, a Universidade de Macau e o GAES vão reunir-se para proceder a uma avaliação da edição inaugural do Fórum dos Reitores das Instituições do Ensino Superior da China e dos Países da Língua Portuguesa e equacionar a continuidade da iniciativa.
Mesmo que a referida declaração conjunta fique pelo plano das intenções, o reitor da Universidade de São José disse que a co-organização do certame teve o condão de mostrar que a USJ permanece empenhada em dar o seu contributo ao desenvolvimento do Ensino Superior na RAEM: «Uma das razões pelas quais o GAES nos abordou foi para que pudéssemos mostrar que somos uma Universidade que procura desenvolver um trabalho sério em prol do desenvolvimento do Ensino Superior em Macau. Por outro lado, temos no DNA esta dimensão interessante que se prende com a relação com os países lusófonos e que nos permite ter um outro entendimento dos desafios com que se deparam».
«Não podemos fazer muito mais em prol do desenvolvimento do Ensino Superior em Macau. Compete às autoridades da China decidir o momento político mais adequado para que o resto aconteça», concluiu o padre Peter Stilwell.
Marco Carvalho