Universidade de São José tem novas Faculdades e Centros de Investigação
Novas faculdades, novos centros de investigação, mudanças ao nível da liderança em várias unidades orgânicas e a criação de um novo organismo, em parceria com a Cáritas, que terá como função tomar o pulso ao desenvolvimento social de Macau. Sob a liderança do diácono Stephen Morgan desde o final de Maio, a Universidade de São José sofreu, no passado mês de Junho, a mais ampla reestruturação orgânica da sua ainda breve história.
O Conselho Geral da instituição de Ensino Superior esteve reunido a 27 de Junho e deu luz verde à reestruturação das unidades académicas da Universidade, num processo que resultou na fusão de duas faculdades, na emancipação do que era até ao momento uma unidade subalterna e na criação de um novo centro de investigação direccionado para aspectos como a língua e cultura, e a história e herança cultural.
Uma das mudanças de maior vulto à qual o Conselho Geral da Universidade de São José (USJ) deu carta branca diz respeito à junção da Faculdade de Indústrias Criativas e da Faculdade de Humanidades numa única unidade académica: a Faculdade de Artes e Humanidades. A nova entidade, anunciou a USJ em comunicado, vai ser dirigida por Carlos Sena Caires.
Mas o capítulo das fusões não se fica pela criação da nova Faculdade de Artes e Humanidades. O Conselho Geral da USJ deu ainda aval à incorporação da Escola de Educação e da Faculdade de Ciências Sociais numa única unidade pedagógica, a Faculdade de Ciências Sociais e de Educação, que será liderada por Elisa Monteiro.
A Escola de Gestão e Direito viu a sua importância ser reconhecida e o seu estatuto elevado à dignidade de Faculdade e o Departamento de Filosofia foi incorporado na Faculdade de Estudos Religiosos. O organismo passou, desde 1 de Julho, a designar-se como Faculdade de Estudos das Religiões e Filosofia.
As alterações, sustenta Stephen Morgan, têm por objectivo consolidar o caminho percorrido pela USJ até ao momento, sem perder de vista a natureza e a génese da instituição de Ensino Superior enquanto universidade de matriz católica. «A nova estrutura orgânica tem o condão de alinhar a Universidade de São José com aquilo que é a estrutura habitual das universidades católicas, que concentram tradicionalmente o trabalho que desenvolvem nas ciências sociais e nas humanidades. Esta reestruturação vai ajudar a criar faculdades dotadas de alunos e de professores com capacidade crítica, que possam ajudar a Universidade a responder com agilidade às oportunidades que tem pela frente», explicou o novo reitor da USJ, em declarações a’O CLARIM.
Para além da reorganização das faculdades, na reunião do Conselho Geral da Universidade de São José foi ainda sancionada a criação de dois novos centros de investigação – o Centro de Investigação para a Memória e Identidade Xavier e o Observatório para o Desenvolvimento Social de Macau – e de um centro de promoção da língua inglesa. «No que diz respeito aos centros de investigação, o Centro Xavier para a Memória e Identidade vai oferecer uma plataforma para a condução de trabalhos de investigação em campos como a língua e cultura, a história e o património cultural, e a ética de doutrina social», adiantou Stephen Morgan. «O Observatório para o Desenvolvimento Social de Macau[instituído em parceria com a Cáritas e com outras entidades de cariz social ligadas à Igreja Católica em Macau]tem por objectivo conceder um outro tipo de estrutura ao trabalho entretanto desenvolvido e encorajar o desenvolvimento futuro, em áreas como o bem-estar, a vida familiar, a saúde mental e os problemas com que se depara uma sociedade em acelerado envelhecimento», acrescentou.
Dirigido pelo até agora director da extinta Faculdade de Humanidades, o linguista Alan Baxter, o Centro de Investigação para a Memória e Identidade Xavier – entidade que será gerida conjuntamente com o Instituto Ricci de Macau – vai «debruçar-se sobre as áreas da língua e cultura, história e herança, e ética e doutrina social», refere a Universidade de São José.
Foi também anunciada a criação do Centro de Língua Inglesa, um organismo que vai coordenar as estratégias de instrução dos alunos no idioma de trabalho da Universidade numa fase inicial do processo de aprendizagem. O novo centro vai ser ainda responsável pela avaliação geral do desempenho dos alunos em língua inglesa.
Não menos importante, e de acordo com a nota de Imprensa, o Conselho Geral aprovou “o plano de reestruturação dos cursos conferentes de grau, de modo a que os mesmos cumpram os requisitos estabelecidos pelo Regime do Ensino Superior de Macau e pelo Sistema Europeu de Transferência de Créditos, criado pelo Acordo de Bolonha e o qual se está a tornar rapidamente na referência mundial para programas do Ensino Superior”.
A reestruturação aprovada pelo Conselho Geral da Universidade de São José entrou em vigor no primeiro dia do corrente mês. As alterações, que pressupõe uma crescente colaboração com a diocese de Macau e com a USJ, devem abrir caminho a uma nova fase de crescimento da instituição de Ensino Superior. Apesar da pandemia do novo coronavírus, a Universidade conseguiu atrair um número de alunos muito similar ao que acolheu durante o último ano lectivo, disse Stephen Morgan. «O número de estudantes inscritos para o ano-lectivo de 2020/2021 está em linha com aqueles que a Universidade ensinou no ano-lectivo de 2019/2020. Dado o impacto da pandemia, estes números são muito encorajadores. Estamos desejosos de poder oferecer aos alunos de Macau e de outras região uma educação de alto nível na única universidade católica da China», concluiu o reitor.
Marco Carvalho