“Revolução Guarda-Chuva”: perigo de contágio na RAEM

Advogados desvalorizam

O presidente da Associação dos Advogados de Macau (AAM), Jorge Neto Valente, disse na passada quarta-feira a’O CLARIM que Macau não corre o risco de ser confrontada com manifestações da magnitude de Hong Kong.

«Nem nada que se pareça! Nem com aquela dimensão», referiu o presidente da AAM, à margem da Abertura do Ano Judiciário de 2014/2015. «Estou convencido que há gente que está por detrás a alimentar aquilo. Não é só a genuinidade das pessoas, porque ali não há aquilo do “somos todos iguais”. Os movimentos de massas não são assim, nem na Revolução Cultural, nem em lado nenhum», salientou a propósito da desobediência civil que ao longo das últimas semanas tem paralisado várias artérias da antiga colónia britânica.

Segundo Neto Valente, é preciso ter em conta «o motivo», porque «o descontentamento vai-se sempre acumulando» e «se houver um rastilho, e se for bem escolhido o mote, a malta vai atrás».

A título de exemplo, lembrou o que aconteceu com a manifestação contra a proposta de lei sobre o regime de garantias para os titulares de altos cargos públicos da RAEM, incluindo o Chefe do Executivo: «Aquilo foi torcido ao dizerem que ele ficava imune aos crimes. Não é verdade! Era enquanto desempenhasse o cargo, como acontece na China, em Portugal e em muitos outros países, mas isso não se disse». No seu entender, «um mote que suscite inveja e alguma questão moral leva sempre gente atrás».

O advogado Frederico Rato, também à margem do evento, ao ter «em conta a dimensão e as causas de mobilização de vários estratos da população de Hong Kong», disse que «o mesmo não vai acontecer em Macau».

Embora justificando que «talvez haja motivações políticas para haver descontentamento e manifestações», acrescentou que «Macau é uma terra de mais brandos costumes, não tão avançada do ponto de vista de educação democrática e no exercício das liberdades fundamentais».

Todavia, deixou o alerta: «Não será nenhuma desgraça se acontecer em Macau algo de natureza idêntica a Hong Kong. Bem pelo contrário, se calhar até abre novas vias para o diálogo e para a construção de uma sociedade democrática».

Numa curta declaração efectuada a’O CLARIM, o deputado Tong Io Cheng disse que «não vai acontecer nada de semelhante a Hong Kong, porque são duas realidades totalmente diferentes».

 

P.D.O.

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